Posted by : Francisco Souza
sexta-feira, 2 de março de 2018
Disposição para o trabalho.
Abraão tinha
empregados, mas não delegou a nenhum deles estas tarefas (Gn 22.3). Existem provações
que são somente nossas. São batalhas que não poderemos contar com a
participação de ninguém. Existem obstáculos que temos que saltar sem auxílio
algum para chegar ao nível que Deus quer. Abraão carregou seu fardo sozinho e
somente seu coração sabia o que estava passando. Não é por acaso que o texto
omite a pessoa de Sara. Ela, com seu amor de mãe, certamente, o impediria e
ele, por sua vez, não alcançaria o testemunho de fé (Hb 11.17, 18).
1.3. Direção para prosseguir.
Abraão saiu
para sacrificar seu filho, mas não saiu sem direção (Gn 22.3). Deus não nos
pede algo para nos deixar confusos. Abraão está indo em direção ao monte Moriá
porque conhece a voz de Deus, está acostumado a ouvi-lo, tem intimidade, se
relaciona. Assim como um filho conhece a voz do pai à distância, Abraão segue
adiante porque sabe que aquela voz lhe é familiar. Abraão vai chegar a seu
destino por dois motivos: primeiro, porque está familiarizado com Deus;
segundo, porque quem conhece a voz de Deus jamais andará sem direção, mesmo
quando nada faz sentido.
2. Chegando ao lugar de destino.
Durante três
dias, Abraão caminhou em direção a seu destino e, mesmo com o coração apertado
em ter que sacrificar seu próprio filho, ele vê o lugar de longe (Gn 22.4). O
terceiro dia é sempre dia de grandes revelações e Abraão estava prestes a
presenciar algo marcante em sua vida.
2.1. Ele viu
de longe o lugar.
Abraão era um
homem de visão e, chegando a Moriá, disse algo profético: “Ficai-vos aqui com o
jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós”
(Gn22.5). Existem níveis que poucas pessoas podem alcançar e subir a Moriá é um
deles. Moriá é o lugar onde se sacrifica aquilo que mais se ama, aquilo que é
único. Deus especificou o que queria no altar: “o único, a quem amas”. Era como
se dissesse. “Existe algo entre mim e ti e precisa ser retirado”. Abraão tinha
duas opções: ou sacrifica Isaque ou sacrificava o próprio Deus. Como sabia que
Deus era a fonte, não temeu em obedecer (Rm 4.18).
2.2. O centro da vontade de Deus.
Após três
dias de caminhada Abraão chega ao momento crucial de sua vida (Gn 22.9). Ele
tem de imolar seu próprio filho. Isaque vê a lenha, o fogo e o cutelo, mas não
vê o cordeiro para o holocausto. Isaque sabe que algo não está correto. Ele não
é uma criança. Ele conhece os procedimentos do sacrifício. Mas, assim como
Abraão confia em Deus, Isaque confia em seu pai. Abraão sabia que deveria matar
seu e Isaque sabia que deveria morrer; um deveria sacrificar, outro deveria ser
o sacrifício. Estar no centro da vontade de Deus é exatamente isto (Gn 22.6-8).
2.3. Disposto a ir até o fim.
É incrível
como Deus tem formas magníficas de revelar a nós mesmos o que somos. Ele nos
conhece, sabe de nossas limitações e o potencial que temos. Nós é que
precisamos nos descobrir. Por isso, Ele nos prova, nos faz sangrar, chegar até
as últimas consequências. Então, depois, o Eterno se revela com bondade, amor e
grandeza. O patriarca Abraão estava realmente disposto a obedecer (Gn 22.10).
Ele tinha consciência de que Deus havia gerado Isaque das entranhas do nada,
apenas pelo poder de Sua Palavra. O escritor aos Hebreus afirma que Abraão
considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar (Hb
11.18). Abraão não creu porque alguém disse algo a respeito de Deus. Ele creu
em deus porque o conhecia.
3. Deus proverá o cordeiro.
Moriá é o
lugar onde Deus se revela com intensidade a Abraão, onde lhe renova as
promessas e o torna exemplo de fé para todas as gerações. Em Moriá, Abraão
avistou dois cordeiros: o que substituiu Isaque e o que substituiu a
humanidade.
3.1. A
revelação de Cristo vivo.
Na hora do
sacrifício, Abraão é impedido por um anjo. No entanto, não é um anjo comum. É o
próprio Senhor Jesus que se revela para ele, antes mesmo de ser gerado no
ventre de Maria. Em Gênesis 22.1, 2, é o Senhor que ordena a Abraão que
sacrifique Isaque em Moriá. Mas, em Gênesis 22.12, o anjo que impede Abraão diz
a seguinte frase: “Não estenda a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada;
porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único
filho”. Observe atentamente a expressão “não me negaste”. A confirmação dessa
revelação aparece em João 8.56-58, quando o próprio Jesus afirma que Abraão viu
o Seu dia e se alegrou. Em outras palavras, Abraão teve o privilégio de ver o
Cristo antes que a humanidade pudesse ver.
3.2. A porta dos inimigos.
Após
revelar-se a Abraão, o Senhor lhe diz que, por sua obediência, lhe abençoaria
de tal forma que a sua descendência possuiria “a porta dos seus inimigos” (Gn
22.16, 17). Fomos abençoados através de Abraão e não com uma medida de benção
qualquer, mas, como descendência dele, o Senhor nos conferiu o dom de
conquistar. A expressão “possuir a porta dos inimigos” fala de grandes
conquistas, de posse e de prosperidade em todas as áreas de nossa vida.
3.3. Adorando a Deus.
A primeira
menção da palavra “adorar” na Bíblia aparece exatamente no capítulo 22 do livro
de Gênesis. Tal referência nos indica que o ato de adorar envolve três fatores:
sacrifício, renúncia e obediência. Isaque representa toda a barreira que nos
impede de contemplar o Senhor com exclusividade. Com Isaque em nosso coração,
Deus fica em segundo plano. É extremamente importante compreender que o nosso
Deus não aceita ninguém como rival (Mt 6.24). Por isso, devemos levar nosso
Isaque a Moriá e entrega-lo a Deus. O nome Moriá vem da palavra “Morá”, que em
hebraico, significa “temor”. Desta montanha, o temor de Deus percorreu a terra
toda. Outra versão diz que vem de “ora”, que quer dizer luz. Curiosamente, esse
é o mesmo lugar onde Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão, teve um encontro
com Deus quando fugia de Esaú (Gn 28.19).
Conclusão.
Matar seu
filho com as próprias mãos obrigava o patriarca a matá-lo primeiro em seu
coração (Jo 12.24). Jamais venceremos o externo se o interno não for realmente
tratado. Deus não trabalha com aparência, mas sim com transformação e esta
começa no interior do coração de cada ser humano.