Posted by : Francisco Souza
domingo, 8 de setembro de 2019
No culto falso a falsa adoração
Uma leitura cuidadosa do capítulo 18 de 1 Reis, nos revelará
alguns aspectos interessantes sobre o culto falso:
1. No culto falso há ritos litúrgicos, mas nenhuma adoração
— “Tomaram o novilho que lhes fora dado, prepararam-no e invocaram o nome de
Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém não
havia uma voz que respondesse; e, manquejando, se movimentavam ao redor do
altar que tinham feito” (1 Rs 18.26).
O baalismo era organizado, seu serviço de culto também o
era. Havia tudo o que uma religião precisa para sobreviver, mas faltava o
elemento essencial — o Deus eterno para quem a verdadeira adoração é devida.
Eles dançavam, possivelmente ao som de instrumentos, pulavam e manquejavam ao
redor do altar, mas não havia vida. Não houve resposta. O culto para ser vivo
necessita de que a sua divindade seja também viva. O baalismo era um culto
falso como são dezenas de crenças hoje. Possuem estrutura, ritual e seus
deuses, mas não possuem a adoração verdadeira.
2. No culto falso há muito grito, mas não há eco — “Ah!
Baal, responde-nos! Porém não havia uma voz que respondesse” (1 Rs 18.26).
Havia voz, grito, mas não havia eco! Era uma adoração muda! Não houve
respostas. No livro de minha autoria: Rastros de Fogo: o que diferencia o
pentecostes bíblico do neopente-costalismo atual, escrevi:
“O Pentecostes bíblico possui voz, — “Veio do céu um som”
(At 2.2). Na verdade a palavra som traduz o termo grego echos, de onde provém o
nosso vocábulo português eco. O Pentecostes bíblico não apenas produz som, mas
possui eco! Mas isso não é exatamente o que diferencia o Pentecostes bíblico do
moderno? O Pentecostes bíblico possui uma voz que ecoa enquanto o de hoje faz
apenas barulho! O Pentecostes contemporâneo é zua-dento! Ninguém mais aguenta
esses pregadores “pentecostais” fazendo barulho para se manterem no ar! Como a
Televisão é um veículo de comunicação extremamente caro, eles estão migrando
para a internet. Estão criando blogs a todo instante! Fazem de tudo para serem
notados! Foi Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, quem refez a famosa frase de
René Descartes: Penso, logo existo para: Falam de mim, logo existo,6 Sim, um
grande número de pregadores pentecostais está gritando a pleno pulmões para
serem notados. Fazem barulho, mas suas vozes não conseguem produzir um eco
positivo na sociedade.”7
Quando a adoração deixa de produzir eco, então ela
transforma-se em uma falsa adoração.
3. No culto falso há a presença do sangue, mas é um sangue
impuro — 'eles clamavam em altas vozes e se retalhavam com facas e com
lancetas, segundo o seu costume, até derramarem sangue” (18.29). Havia por
parte dos profetas de Baal uma autoflagelação! Eles se cortavam com lancetas e
derramavam seu próprio sangue, mas nada disso fez com que descesse fogo do céu.
Por quê? Porque esse sangue derramado não possuía poder remidor! Era um sangue
impuro. Quando Elias sacrificou os animais e clamou ao Senhor, esse sacrifício
teve valor. O sangue dos animais oferecidos por Elias em sacrifício eram um tipo
do sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).
4. No culto falso há profetas, mas não há inspiração! —
“Disse Elias aos profetas de Baal”(l Rs 18.25).
A Escritura afirma que “nenhuma profecia da Escritura provém
de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por
vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos
pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.20,21).
Juntando os profetas de Baal e os de Aserá, somavam um total
de 850 homens. Imaginem esse número de pessoas profetizando juntas! Havia um
rio de profecia, mas nenhuma inspiração e consequentemente nenhum cumprimento
delas! Uma profecia de Baal faz muito barulho, mas não produz nenhum resultado.
No que ela imita a verdadeira
O relato do capítulo 18 de 1 Reis revela que a adoração a
Baal possuía rituais que possuíam certa semelhança com o ritual hebreu. Usavam
altar; havia música, danças e também havia sacrifícios. Todavia Elias sabia que
aquela religião falsa com suas crenças e rituais não conseguira produzir fogo
(1 Rs 18.24). O teste seria, portanto, a produção de fogo! Observamos que os
profetas de Baal ficaram grande parte do dia tentando produzir fogo e não
conseguiram (1 Rs 18.26-29). Uma das marcas do culto falso é exatamente a tentativa
de copiar ou reproduzir o verdadeiro e não conseguir. Encontramos, ainda hoje,
dezenas de religiões e seitas tentando produzir fogo e não conseguem. Somente o
verdadeiro culto a Deus produz fogo (1 Rs 18.38)!
Para que houvesse a produção de fogo, era necessário:
1. Congregar — ‘Então, Elias disse a todo o povo: Chegai-vos
a mim. E todo o povo se chegou a ele” (1 Rs 18.30). Sem congregar ou juntar o
povo, o fogo não desce! E preciso congregar o povo com urgência! Sem dúvida uma
das grandes causas porque tarda o pleno avivamento seja esta — estamos
dispersos, fragmentados e sem congregar. Há muitos crentes, mas são crentes
“desigrejados” e que não mais congregam. São crentes da igreja eletrônica! São
crentes online com a mídia eletrônica, mas estão offline nos relacionamentos. A
igreja eletrônica produz adeptos, mas não discípulos e seguidores. Não há o
corpo a corpo tão necessário à vida cristã.
2. Restaurar — ‘Elias restaurou o altar do Senhor, que
estava em ruínas” (1 Rs 18.30). O altar havia sido danificado pelos próprios
adoradores de Baal, de forma que necessitava de reparos. Para que a adoração
voltasse a ser como antes, o altar deveria ser primeiramente restaurado.
3. Pactuar — “Tomou doze pedras, segundo o número das tribos
dos filhos de Jacó, ao qual viera a palavra do Senhor, dizendo: Israel será o
teu nome” (1 Rs 18.31). Deus é o Deus dos pactos! A fim de que o culto fosse
restaurado, Elias tomou doze pedras como um símbolo da aliança do Senhor com
Israel. A aliança com o Senhor jamais deverá ser esquecida. Israel havia
esquecido esse pacto quando foi seduzido pela adoração Cananeia e necessitava
voltar urgentemente à aliança com o Senhor novamente.
4. Sacrificar — ‘Então, armou a lenha, dividiu o novilho em
pedaços, pô-lo sobre a lenha e disse: Enchei de água quatro cântaros e
derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha. Disse ainda: Fazei-o segunda
vez; e o fizeram.” ( Rs 18.33,34).
5. Orar — “No devido tempo, para se apresentar a oferta de
manjares, aproximou-se o profeta Elias e disse: O Senhor, Deus de Abraão, de
Isaque e de Israel, fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou
teu servo e que, segundo a tua palavra, fiz todas estas coisas. Responde-me,
Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, Senhor, és Deus e que a
ti fizeste retroceder o coração deles. Então, caiu fogo do Senhor, e consumiu o
holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava
no rego”(l Rs 18.36-38).
No que a adoração falsa se diferencia da verdadeira
A adoração verdadeira se diferencia da falsa em vários
aspectos, mas o relato do capítulo 18 de 1 Reis destaca alguns que consideramos
essenciais. Em primeiro lugar, a adoração verdadeira se firma na revelação de
Deus na história (1 Rs 18.36). Abraão, Isaque e Jacó foram pessoas reais assim
como foram reais as ações de Deus em suas vidas. Em segundo lugar, ela se
distingue também pela participação do adorador no culto. Elias disse: “E que eu
sou teu servo” (1 Rs 18.36). A Bíblia diz que Deus procura adoradores (Jo
4.24). Israel havia sido uma nação escolhida pelo Senhor (Ex 19.5). Elias
invocou, como servo pertencente a esse povo, os direitos da aliança. Em
terceiro lugar, ela se diferencia pela Palavra de Deus, que é o instrumento
usado para fazer acontecer os planos e propósitos de Deus (1 Rs 18.36).